Cubatão completa nesta quarta-feira (9) 76 anos de emancipação político-administrativa diante de uma série de desafios. Apesar de abrigar grandes indústrias em seu território, o município convive com déficit habitacional, necessidade de melhorias na infraestrutura e de fortalecimento da economia. Ao assumir a Prefeitura, há quase 100 dias, César Nascimento (PSD) tinha ciência dos problemas que teria de administrar. Em entrevista ao Jornal da Orla, o chefe do Executivo cubatense mostra satisfação com o início de mandato, contabiliza vitórias e aponta como a Cidade poderá atingir o nível de excelência.
Qual a avaliação do seu início de trabalho na Prefeitura?
Avalio de forma muito positiva. Foram três meses de grandes avanços. Retomamos o diálogo com os servidores, iniciando um processo de valorização do funcionalismo municipal, dando um reajuste de mais de 23% para os que ocupam cargos de nível superior. O processo vai se estender a todos os funcionários, mas é uma medida que deve ser tomada com responsabilidade, com consciência e cuidado com o dinheiro público. Também cumprimos a promessa de campanha de criar as secretarias da Mulher e Direitos Humanos e de Ciência e Tecnologia, duas pastas fundamentais tanto na criação e execução de políticas públicas para o público feminino, quanto na busca por mais inovação e desenvolvimento tecnológico nas soluções dos problemas da Cidade. Em poucos meses também tivemos o reconhecimento internacional pelo cuidado que temos com o Meio Ambiente (Selo Tree Cities Of The World – concedido pela FAO, órgão da ONU). Também nesses 100 dias conseguimos iniciar a implantação do aplicativo da Saúde, que já deve estar à disposição da população no segundo semestre. Será um avanço enorme porque o cidadão vai poder marcar consultas, exames e acompanhar o andamento de seu atendimento, pedidos de medicação. Tudo de uma forma transparente e sem sair de sua casa. Na Educação iniciamos o processo de transformação de todas as escolas do município em tempo integral, que deve estar concluído no final deste meu primeiro mandato.
Como estão as contas e a saúde financeira da Cidade?
Posso dizer que, hoje, a situação está sob controle. Não temos dinheiro sobrando, mas, se administrarmos com responsabilidade, conseguiremos tocar sem sustos. Recebi das mãos do prefeito Ademário (Oliveira) uma prefeitura enxuta, organizada financeiramente e com grandes projetos já encaminhados, como as urbanizações das vilas Esperança e dos Pescadores. Claro que, quando assunto é economia, podemos ter uma reviravolta muito grande. Só lembrarmos do fechamento do alto-forno da Usiminas, o encerramento das atividades da Votorantim… estamos diretamente inseridos em um contexto econômico nacional e mundial. Por isso, a nossa missão é ampliar a arrecadação, incentivando o desenvolvimento econômico do Município e ampliando e diversificando as nossas fontes de recursos. Estamos em busca de novas receitas porque, apesar do orçamento considerado generoso, ele é praticamente todo comprometido com as verbas carimbadas. Mas, depois de oito anos, conseguimos recuperar o poder de investimento da Prefeitura. E agora chegou a hora de colher os frutos de todo este trabalho que desenvolvemos. Por isso a importância da continuidade na Administração Municipal. E gosto sempre de ressaltar continuidade, não continuísmo. Claro que vamos manter tudo de bom que já foi feito, mas consertar a rota em alguns pontos. O objetivo sempre melhorar e fui eleito para isso. Para melhorar a vida da população cubatense.
Como que está a relação da sua administração com o Governo Federal e com o Governo Estadual?
É a melhor possível. O Governo do Estado tem sido um grande parceiro da Cidade, principalmente na questão habitacional. Somos a cidade com maior investimento da CDHU no Estado e temos de comemorar. O governador Tarcísio, desde quando assumiu, colocou a retomada do Polo Industrial como prioridade e desatacou o secretário Jorge Lima (Desenvolvimento Econômico) para essa missão. O Governo Federal também tem sido parceiro e a minha primeira viagem como prefeito foi justamente para o Distrito Federal, onde fomos recebidos pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele colocou todo o governo e os convênios que possui à disposição do Município e vamos buscar essa parceria.
Quais são os principais problemas da Cidade hoje e o que pretende fazer para resolver?
A questão habitacional é um grande desafio que começamos a encarar há sete anos e agora começa a dar frutos. Posso dizer que acabar com as habitações subnormais é a nossa maior missão e isto já está encaminhado. Acredito que nos próximos seis anos vamos zerar o déficit habitacional no Município, ao concluir os projetos de urbanização das vilas dos Pescadores e Vila Esperança. Cerca de 40 mil pessoas serão beneficiadas. Uma outra frente que temos consciência e vamos atacar é na zeladoria da região central. Costumo a dizer que os próximos anos serão de ‘zeladoria na veia’. Estamos projetando um investimento de cerca de R$ 100 milhões a partir do segundo semestre.
Qual é a sua ideia para incrementar a economia em Cubatão?
Estamos trabalhando em várias frentes. Sabemos que a vocação do município é industrial, mas não podemos depender apenas de uma fonte de recursos. Estamos trabalhando para desenvolver o turismo ecológico e o Parquetur é a prova que temos um potencial enorme. Mais de 200 mil pessoas visitaram Parque Estadual da Serra do Mar, para apreciar seus monumentos e a famosa tirolesa somente no ano passado. Ao mesmo tempo, já está em estudo a criação do Banco do Povo Municipal, que vai ser um complemento ao já existente Banco do Povo do Estado de São Paulo. Com isso, além de recursos para comprar equipamentos, os pequenos empreendedores da Cidade também terão uma fonte para iniciar o seu negócio com capital de giro, o que vai incentivar muito o comércio local.
O que pretende fazer para trazer mais indústrias para a Cidade?
Estamos trabalhando incansavelmente para atrair novos investimentos para a Cidade. Junto com o Governo do Estado de São Paulo, estamos em tratativas com investidores internacionais para instalar em nossa cidade uma fábrica de hidrogênio verde. A sustentabilidade é a palavra do futuro, por isso estamos trabalhando para atrair a economia verde para o município. Há um potencial enorme e acredito que vamos conseguir desenvolver este setor. Somos famosos por ser um grande polo da indústria de base, mas queremos agora também atrair a indústria de transformação. Iniciamos algumas conversas com uma montadora de ônibus elétricos que tem interesse de se instalar no município devido à nossa posição privilegiada, entre o maior mercado consumidor do País e o maior porto da América Latina. Também estamos trazendo uma grande rede de hipermercados para a Vila Nova, que vai gerar cerca de 150 postos de trabalho.
Acidente como o do caminhão que derrubou recentemente a passarela da Anchieta e os congestionamentos impactam a vida de quem mora na Cota 95 e precisa de transporte. Como avalia o serviço prestado pela Ecovias diante dessas questões?
Se considerado a magnitude do acidente, a concessionária agiu relativamente rápido. Mas ficou claro que é preciso termos uma alternativa. Uma rota de fuga para que as pessoas não fiquem horas isoladas, sem poder ir e vir, devido a um problema na rodovia. Acredito que, com a evolução tecnológica e de engenharia, a empresa tem condições de pensar em uma solução. Eu conversei pessoalmente com a diretoria da Ecovias logo após a queda da passarela e pedi que um plano de emergência seja elaborado para evitar que situações como essa se repita.
O que a Prefeitura pode fazer para diminuir um pouco esse sofrimento?
Toda área do Sistema Anchieta-Imigrantes é de responsabilidade do Estado, que concedeu a administração das rodovias para a Ecovias. Nestes casos, podemos atuar dentro da nossa malha urbana e foi o que fizemos no dia da queda da passarela. Ampliamos o número de linhas para atender quem conseguia atravessar a pista em direção ao centro ou no sentido contrário. O que nos cabe é unir forças com as demais cidades da Baixada e seus representantes na Alesp e Congresso Nacional para buscarmos uma solução definitiva.
O que o morador pode esperar daqui para a frente? Qual seu planejamento para os próximos quatro anos?
O morador pode esperar um governo de progresso, que vai acelerar o processo de reconstrução da Cidade iniciada no governo Ademário. As grandes obras começarão a serem entregues e o processo de zeladoria de toda a área central do município vai começar ainda neste ano. Nos próximos quatro anos Cubatão vai ser a cidade referência em Saúde, com a modernização de toda a nossa rede atendimento e inauguração do AME. Cubatão vai ser a cidade das escolas em período integral. A cidade da Cultura com o lançamento de vários concursos de projetos culturais e inauguração do Teatro Municipal. A cidade do esporte, com a retomada e reforma do nosso Poliesportivo Roberto Dick. Enfim, temos um futuro muito bom pela frente.
Como o senhor vê essa questão do Pátio de Caminhões na Cubatão? Existe uma solução para isso?
Como disse desde o início, não somos contra o progresso do Porto de Santos. O que sempre me opus e vou me opor é quanto ao local escolhido pela Autoridade Portuária de Santos. Não é possível levar milhares de caminhões diariamente para o coração de uma área urbana, que está recebendo investimentos enormes para se tornar um grande cartão postal da cidade. Mas acredito que esta questão está superada. Conversei bastante com o Anderson Pomini (presidente da APS) e vamos chegar a um acordo que será bom para todos. Cubatão nunca se furtou e nunca se furtará a contribuir para o desenvolvimento da Baixada Santista, do Estado de São Paulo e do Brasil, como sempre fez desde a sua fundação.
O que o senhor está vislumbrando daqui para a frente nesses 76 anos da Cidade?
Cubatão, se tudo ocorrer dentro dos planos, tem um futuro muito promissor. Entramos definitivamente nos trilhos do desenvolvimento e do progresso. A Petrobras acabou de anunciar um investimento de mais de R$ 6 bilhões na construção de uma nova planta de querosene de aviação verde (a primeira do Brasil), a Yara acabou de inaugurar uma nova planta de amônia verde, também a primeira do País. Ao mesmo tempo, estamos investindo na qualidade de vida da população. Em breve teremos um Ambulatório Médico de Especialidades (AME), escolas em tempo integral, proporcionando cultura, esporte, lazer e mais uma série de atividades no contraturno escolar. O Casqueiro se consolidou como nosso maior cartão postal e vamos construir um grande equipamento público de lazer na Vila Nova.
Fonte: Jornal Da Orla