Karol G buscou honestidade total em seu disco recordista de 2023, Mañana Será Bonito. Agora, com o documentário Tomorrow Was Beautiful, da Netflix, a estrela colombiana compartilha ainda mais sobre sua trajetória. “Nunca assisti com ninguém”, disse Karol à Rolling Stone durante a estreia do filme em Nova York.
“Sinto que há coisas muito pessoais expostas nesse documentário. É difícil abrir a porta para tanta vulnerabilidade, mas, no fim do dia, isso faz parte da humanidade que queríamos mostrar no filme.”
A diretora Cristina Costantini, que também produziu o documentário da Netflix sobre o astrólogo Walter Mercado, compartilhou da missão de Karol de criar um retrato cru da vida da cantora.
“Queria contar uma história complicada,” disse Costantini à Rolling Stone. “Queria mostrar que nossos heróis são pessoas complexas, que há mais neles do que apenas o que parecem quando estão no palco.”
Tomorrow Was Beautiful aborda desde a ascensão improvável de Karol como mulher no reggaeton até os desafios enfrentados na turnê de sucesso Mañana Será Bonito. Abaixo, sete coisas que aprendemos com o documentário.
Karol é perfeccionista até o fim
Os visuais impactantes — incluindo um enorme tubarão de aço — e as inúmeras trocas de figurino da turnê de Karol não surgiram facilmente. Na primeira noite da turnê em estádios, em Las Vegas, a cantora se decepcionou com a filmagem e com falhas no figurino. Em um momento, ela chora de frustração ao explicar que busca a perfeição para entregar aos fãs o melhor show possível. “Nada me parece certo”, diz. “É uma dúvida constante sobre tudo o que estou fazendo.” Várias cenas mostram Karol orientando sua equipe até que sua visão completa fosse concretizada.
O verdadeiro motivo pelo qual quase abandonou a música aos 16 anos
Em uma cena comovente, Karol revela que sofreu assédio sexual aos 16 anos por seu então empresário musical. O gerente, que segundo Karol tinha quase o triplo da idade dela, a assediou em uma festa e condicionou seu sucesso à aceitação dessas investidas. A situação a fez se afastar temporariamente da música e se mudar para Nova York para viver com a tia.
“Infelizmente, em grandes indústrias, as mulheres precisam passar por coisas horríveis — e não para chegar lá, porque posso garantir que nenhuma mulher que se respeite aceitaria ser prejudicada para alcançar algo,” afirma Karol.
Ela menciona “muitas coisas” sobre as quais gostaria de falar, mas diz: “como pessoa, nunca me permiti lembrar ou falar sobre elas.” Em seguida, interrompe abruptamente a gravação ao começar a chorar.
A verdade sobre seu antigo relacionamento público
Karol fala sobre seu relacionamento anterior com o rapper porto-riquenho Anuel AA — sem citar nomes, mas revelando detalhes.
“No meu último relacionamento, sair foi algo muito tóxico,” afirma. “Eu acordava e sentia que estava morrendo. Me sentia inútil como pessoa.”
Segundo ela, a situação afetava seu julgamento e impedia que aproveitasse o próprio sucesso. “Foi um pesadelo. Foi um inferno,” completa.
…E os detalhes fofos sobre encontrar o amor verdadeiro com Feid
Em 2021, Karol convidou seu artista favorito, o também colombiano Feid, para abrir a etapa norte-americana da turnê Bichota. No documentário, ela relembra como os dois criaram laços enquanto festejavam com a equipe da turnê após os shows. Karol conta sobre uma noite em especial, em que estavam jogando videogame, flertando, e Feid a beijou de boa noite.
“Tenho uma relação tão linda com ele… É tudo,” diz ela, emocionada ao falar da conexão e valores que compartilham.
O significado por trás do apelido “Bichota”
Karol explica o que significa para ela o apelido “Bichota”. O termo deriva da palavra porto-riquenha “bichote”, normalmente associada ao tráfico. “É uma palavra tão poderosa que continuei perguntando: ‘Mas e a bichota?’ E a resposta era algo como: ‘Seria uma mulher, mas, na verdade, uma bichota não existe’,” conta no documentário.
A equipe da artista aconselhou que ela evitasse o termo na música Bichota (2021), temendo reações negativas pelas conotações com o crime. Mas Karol insistiu em redefinir a palavra como símbolo de empoderamento feminino e energia de liderança.
“Bichota é quem comanda o próprio negócio, quem é visionária,” afirma. “Agora me chamam de bichota,” diz ela, acrescentando: “Não é só sobre mim. É sobre como a palavra faz as pessoas se sentirem.”
Selena Quintanilla continua sendo uma inspiração
Karol sempre foi aberta sobre sua admiração por Selena Quintanilla. Ela se inspirou na artista para compor Mi Ex Tenía Razón, que traz elementos do Tejano, e até tatuou a imagem de Selena no antebraço. No documentário, ela faz questão de mostrar o quanto Selena impactou sua carreira.
“Apesar da ausência dela, é inspirador como ela continua tão presente,” diz.
Durante a passagem da turnê por San Antonio, Texas, Karol prestou homenagem à lenda com uma versão especial de Como La Flor e convidou a irmã de Selena, Suzette Quintanilla, para assistir ao momento. Ao encontrá-la no documentário, Karol não segura as lágrimas.
“Estou muito honrada com a sua presença,” diz ela a Suzette.
Karol é destemida… até mesmo ao mergulhar no rio Hudson
Ao longo de Tomorrow Was Beautiful, a coragem de Karol fica evidente conforme ela relembra cada obstáculo enfrentado até alcançar o estrelato. Mas nada mostra mais seu espírito “sem medo” do que o momento em que decide mergulhar nas águas questionáveis do rio Hudson, em Manhattan.
Primeiro, ela apenas molha os pés. Minutos depois, está boiando no que pode ser uma água tóxica. (Até a New York Water Alliance recomenda evitar nadar ali). Algumas cenas depois, Karol revela que pegou um resfriado após o mergulho. É um dos momentos mais engraçados de um documentário repleto de lágrimas e risadas.
Essa matéria é uma tradução da Rolling Stone americana, escrita por Maya Georgi e publicada em 8 de maio de 2025. Leia a versão original aqui.
Fonte: rollingstone.com.br