Com a estreia do novo Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, agora com a atriz Madelyn Cline no papel principal, o terror slasher volta a ocupar o centro das atenções. Conhecida pela série Outer Banks, a atriz se junta a uma linhagem de protagonistas que enfrentam psicopatas mascarados e saem vivas — ainda que traumatizadas — para contar a história.
Aproveitando o embalo, a Rolling Stone Brasil listou 10 final girls que foram destaque no gênero nos últimos anos. Uma seleção que mostra como essas heroínas continuam relevantes e ganhando espaço no horror contemporâneo. Confira a seguir:
10. Dana Polk — O Segredo da Cabana (2011)
Dana Polk, de O Segredo da Cabana, é aquela final girl que, a príncipio, parece saída de um manual de clichês do terror: tímida, estudiosa e até meio deslocada. Porém, ela acaba sendo peça-chave em uma das maiores viradas metalinguísticas do gênero.
Interpretada por Kristen Connolly (House of Cards), Dana sobrevive não só a zumbis assassinos, como também à descoberta de que tudo aquilo era um ritual bizarro orquestrado por uma organização secreta para alimentar deuses antigos sedentos por sangue adolescente. Tranquilo, não é?
Ao contrário das tradicionais final girls sobreviventes, Dana escolhe não cumprir o papel que o roteiro da vida queria pra ela. No fim das contas, ela está menos interessada em “vencer o monstro” e mais em questionar por que diabos esse monstro existe e por que todo mundo aceita isso como regra.
Com ela, o slasher ganha um tom filosófico, irônico e até apocalíptico. Dana não é só a última a ficar de pé… Ela é quem aperta o botão pra que tudo vá pelos ares. E, convenhamos, poucas final girls têm esse tipo de moral. — Angelo Cordeiro
9. Sienna Shaw — Terrifier 2 (2022) e Terrifier 3 (2024)
Sienna Shaw é a final girl que chegou chutando a porta do slasher e dizendo: “Vocês ainda não viram nada”. Interpretada por Lauren LaVera, ela é praticamente uma super-heroína em construção — e não é exagero.
Com sua armadura de cosplay angelical, uma espada mística herdada do pai e muito sangue na cara — literalmente —, Sienna encara Art, o Palhaço, uma das criaturas mais grotescas e sádicas do terror recente, como se estivesse treinando para fazer parte de uma equipe que combate o mal do mundo.
O que torna Sienna tão especial no slasher é que ela representa uma nova geração de final girls: emocionalmente complexa, visualmente marcante e com um arco de transformação quase mitológico. Terrifier leva o gore ao extremo, mas também entrega uma protagonista que não só sobrevive, como ressurge. Sienna não está ali só pra fugir e sobreviver; ela está ali pra encarar o mal de frente e mostrar que o slasher também pode ter espada sagrada. — A. C.
8. Mia Allen — A Morte do Demônio (2013)
Mia Allen (Jane Levy, O Homem nas Trevas), de A Morte do Demônio, é o tipo de final girl que não só sobrevive; ela renasce das cinzas. Mia começa como a garota frágil do grupo, em crise de abstinência e isolada em uma cabana cheia de gente que acha que tudo vai ficar bem (spoiler: não vai!). Mas quando o Necronomicon entra em cena e os amigos viram monstros possuídos vomitando gosma, Mia se transforma — literalmente — no inferno em pessoa e a única capaz de encará-lo de frente.
O que faz Mia tão relevante na era moderna do slasher é que ela começa como a “possuída” e termina como a final girl, um plot twist que brinca com os clichês do gênero e ainda entrega uma das sequências finais mais insanas da década: motosserra, membros decepados e chuva de sangue. Ela é a evolução da final girl raiz, sobrevivendo não só ao monstro, mas à própria dor, ao vício, ao luto e a um literal inferno na Terra. No fim, Mia não foge do mal, ela o arranca na marra. Isso é que é ser uma final girl! — A. C.
7. Theresa “Tree” Gelbman — A Morte Te Dá Parabéns (2017) e
A Morte Te Dá Parabéns 2 (2019)
Em A Morte Te Dá Parabéns, Theresa Gelbman (Jessica Rothe, Contra Todos) é uma universitária que fica presa em um looping temporal, revivendo o seu aniversário repetidas vezes. Porém, o que poderia ser um sonho para a garota, acaba se transformando em um pesadelo, porque ela é assassinada todos os dias por uma figura misteriosa.
Entre tantas final girls, Tree se destaca justamente por fugir do óbvio do gênero. Desde seu filme, que mistura comédia, slasher e até ficção científica, até a sua postura, que não entrega a tradicional inocência e pureza. Ela é uma personagem que vai atrás do assassino, mostra-se estrategista e possui um arco de amadurecimento que não a limita. Merece um lugar à mesa. — Giulia Cardoso
6. Sarah Carter — Abismo do Medo (2005)
Sarah Carter (Shauna Macdonald, O Colecionador de Unhas), de Abismo do Medo, representa bem as final girls complexas, embora traumatizadas e aterrorizadas. O filme acompanha um grupo de seis mulheres, que entra em uma caverna inexplorada para um passeio esportivo. No entanto, a aventura se transforma em um pesadelo claustrofóbico quando o túnel desaba e elas descobrem que não estão sozinhas lá dentro.
Sarah é uma personagem fora da curva. Antes da viagem, ela havia perdido o marido e a filha em um acidente de carro e a expedição seria como um momento de superação e recomeço para ela. Porém, diante da situação em que acaba, Sarah não luta para buscar paz de espírito, além de sobreviver para viver a sua nova vida. Em vez disso, ela emerge das profundezas destruída, enlouquecida e quase outra pessoa. — G. C.
5. Maxine — X – A Marca da Morte (2022) e MaXXXine (2024)
Maxine Minx, vivida pela atriz Mia Goth (Pearl), virou fenômeno nas redes sociais logo que surgiu em X: A Marca da Morte, em que ela começa como uma aspirante a estrela pornô nos anos 1970, tentando fugir da mediocridade a qualquer custo.
Só que o sonho de fama vira um pesadelo slasher quando a equipe do filme erótico começa a ser caçada por um casal de idosos psicopatas em plena fazenda no Texas. E é aí que Maxine mostra que não é só um corpinho bonito: ela é sobrevivência na veia, com aquele olhar que diz: “Eu vou ser uma estrela… custe o que custar”.
A relevância de Maxine como final girl moderna está justamente nessa subversão. Ela não é a típica boazinha recatada que foge do perigo; ela quer tudo, e sobrevive porque acredita que merece viver e que há algo reservado para ela.
Isso faz dela uma figura fascinante no slasher recente: alguém que não só foge da morte, mas que tem fome de vida, de palco, de sexo e de protagonismo. Em MaXXXine (2024), sua jornada se encerra, indo de sobrevivente de uma chacina a uma estrela de cinema, para viver a vida que ela merece! — A. C.
4. Grace Bradley — Casamento Sangrento (2019)
Grace Bradley (Samara Weaving, A Babá), de Casamento Sangrento, é uma mocinha que acaba se dando mal após se envolver em um relacionamento. Quando as coisas dão errado, no entanto, ela precisa tomar uma atitude para sobreviver e acaba se tornando uma das final girls mais empolgantes dos últimos tempos.
No longa, Grace se casa com o herdeiro de uma família milionária e, na noite de núpcias, descobre que precisa participar de uma brincadeira mortal de esconde-esconde, em que os seus novos parentes estão à sua procura para matá-la, acreditando que, caso não façam isso, todos morrerão antes do amanhecer, graças a uma maldição.
Nessa situação tenebrosa, Grace se destaca por ser uma sobrevivente sem papas na língua: ao mesmo tempo em que é caçada, decide caçar também, embrigada por uma fúria que nasce no fundo do seu peito machucado pela traição. Uma final girl icônica que, felizmente, retorna em breve às telonas. — G. C.
3. Erin Harson — Você é o Próximo(2011)
Interpretada por Sharni Vinson (Ela Dança, Eu Danço 3), Erin Harson parece apenas uma convidada qualquer em um jantar especial numa casa de campo isolada em Você é o Próximo. Porém, quando a festa se transforma em um banho de sangue, resultado de uma invasão domiciliar, a garota mostra frieza, inteligência e competência chocantes.
Logo descobrimos que, na infância, Erin cresceu em um acampamento de sobrevivência. Com a experiência adquirida, constrói armadilhas caseiras, domina armas de todos os tipos e antecipa os passos de cada um dos invasores, pronta para atacar com preparo e estratégia. — G. C.
2. Kimberly Corman — Premonição 2 (2003)
Por mais de vinte anos, os fãs de Premonição acreditaram que ninguém havia sobrevivido às diversas armadilhas da Morte na franquia. Ainda assim, restavam esperanças para duas personagens: Kimberly Corman (A.J. Cook, Criminal Mind), do segundo filme, e Wendy Christensen (Mary Elizabeth Winstead, Scott Pilgrim Contra o Mundo), do terceiro.
Apesar de tudo levar a crer que elas teriam sido mortas off-screen — inclusive, um jornal falava sobre a suposta morte de Kimberly e de outro sobrevivente, o policial Thomas Burke (Michael Landes, The Offer) —, mas Premonição 6: Laços de Sangue acabou com todas as dúvidas: ela realmente foi a única pessoa que, até hoje, conseguiu enganar a Morte e sobreviver, o que garante o seu lugar entre as nossas final girls. — Henrique Nascimento
1. Samantha “Sam” Carpenter — Pânico 5 (2022) e Pânico 6 (2023)
Pânico voltou em 2022 — sete anos após a morte de seu criador, Wes Craven — com a proposta de reinventar a franquia com uma nova final girl (ainda que a antiga continuasse muito bem, obrigada). Mas não é qualquer uma que pode “substituir” Sidney Prescott (Neve Campbell, O Poder e a Lei), não!
Para dar conta do trabalho, foi escalada Samantha Carpenter (Melissa Barrera, Em um Bairro de Nova York), uma garota problema que, na verdade, era a filha ilegítima de Billy Loomis (Skeet Ulrich, Riverdale), um dos primeiros Ghostfaces.
A novidade abriu um mundo de possibilidades para a franquia: com uma ascendência questionável, Sam era ambígua, algo que Sidney jamais poderia ser, devido à forma como foi construída. Consegue imaginar a mocinha, que passou anos lutando para sobreviver, assumindo a máscara do Ghostface? É claro que não. Mas Sam, a filha de um serial killer, sim — e foi o que quase aconteceu!
Infelizmente, quando a história da personagem parecia encaminhá-la a isso, Melissa Barrera foi injustamente demitida da franquia por se posicionar em defesa da Palestina no conflito com Israel, forçando os produtores apelarem, mais uma vez, ao drama de Sidney para um sétimo filme. Uma grande oportunidade desperdiçada. — H. N.
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Fonte: rollingstone.com.br
