“Ainda é inacreditável. Só vai cair a ficha quando estivermos lá e conseguirmos ver tudo acontecendo, porque era algo muito distante”, diz o guitarrista Leo Mayer, da Hurricanes, sobre a oportunidade de se apresentar no mesmo festival que o Deep Purple. A banda brasileira viu nos britânicos uma grande fonte de inspiração. No próximo domingo, 15, tocarão juntos no Best of Blues and Rock.
A edição de 2025 já se iniciou e segue durante o próximo final de semana, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Artistas como Dave Matthews Band, Richard Ashcroft, Vitor Kley e Barão Vermelho, entre outros, já se apresentaram. Alice Cooper, Black Pantera, Larissa Liveir e Marcão Britto e Thiago Castanho – Charlie Brown Jr. compõem o lineup do sábado, 14. Judith Hill e os já citados Deep Purple e Hurricanes sobem ao palco no domingo, 15. Ainda há ingressos à venda no site Eventim.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Leo Mayer refletiu sobre a empolgação por participar do evento. A possibilidade de os integrantes se encontrarem com o Purple o deixa ainda mais ansioso.
“Desde o início da banda, o Purple sempre foi uma grande referência. Acho que não teve um final de semana de shows que não tenhamos tocado Purple. É uma influência muito direta.”
Apesar de estarem tocando “Wring That Neck” — “uma música lado Z do Deep Purple” oriunda do álbum The Book of Taliesyn (1968) — em seus shows da Casa das Rosas, ação do Best of Blues and Rock paralela ao evento principal, Mayer admite: talvez a Hurricanes não apresente nenhuma composição da banda inglesa no festival. O motivo? “Não teremos coragem de fazer isso”, confessa.
A história da Hurricanes
Criada em 2016, a Hurricanes é fruto da união entre Leo Mayer e o vocalista Rodrigo Cezimbra em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Dois anos depois, eles se mudaram para São Paulo.
O guitarrista trabalhava como produtor em um estúdio. A ideia de formar o grupo surgiu quando o Cezimbra “cantou alguma coisa, que foi algum Led Zeppelin, algum Free”, o que chamou sua atenção — mesmo considerando que o cantor vinha de projetos mais folk. A partir daí, trouxeram integrantes e deram início ao grupo.
Com a vinda para a capital paulista, tudo ficou mais sério, tendo em vista a profissionalização no trabalho feito em Santa Maria. Mayer garante, porém, que não houve perda do aspecto natural e orgânico, com direito a improvisação no palco.
“Nunca montamos um setlist e falamos: ‘Rodrigo, você vai falar nessa música, eu vou dar boa noite aqui’. Montamos o setlist e as coisas vão acontecendo. Tem dias que são legais, tem dias que as coisas às vezes não encaixam tão bem.”
Hoje, além de Mayer e Cezimbra, a formação conta com Henrique Cezarino (baixo) e Guilherme Moraes (bateria).
Sonoridade e estilo
Com dois álbuns lançados — a estreia homônima de 2023 e Back to the Basement (2024) —, a Hurricanes aposta em composições autorais de sonoridade orientada ao blues rock, em voga especialmente nas décadas de 1960 e 1970. Os já mencionados Led Zeppelin e Free, além de nomes como Cream e Black Crowes, de quem abriram show no Brasil em 2023, são algumas das influências.
Além disso, o visual do quarteto também remonta ao período citado anteriormente. A promessa, mesmo, é teletransportar o público para o passado.
Suas canções trazem letras em inglês, mas o guitarrista não descarta que, no futuro, possam trabalhar com composições em português. Ele diz:
“Não estamos presos ou limitados. Queria muito que rolasse pelo menos ter alguma música no disco ou regravar alguma composição. Estamos abertos.”
Mayer reconhece que o som da Hurricanes tem apelo para um nicho específico — curiosamente, porém, o guitarrista não enxerga isso de forma negativa. Em sua visão, não há muitos artistas praticando esse tipo de som nos dias atuais:
“Acho mais verdadeiro fazermos um som que a gente se identifica e que curta, do que fazer um som para, de repente, atingir um público maior. Quando você começa a pensar muito, vai perdendo a naturalidade. Para a banda toda está tudo bem focarmos em quem realmente curte esse som.”
Se o som remete ao passado, o planejamento envolve olhar para frente. Poucas bandas lançam dois álbuns em dois anos, como a Hurricanes fez entre 2023 e 2024. A ideia, segundo Leo, era produzir uma boa quantidade de material autoral.
Todavia, os próximos planos não envolvem inéditas e sim lançar versões ao vivo dessas canções em formato de live sessions. Registros em vídeo dessas performances estão disponíveis no YouTube.
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Fonte: rollingstone.com.br